segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Convite


O Sol chama
Clama: - Levanta!
Convida...
Vem para a vida!

O Vento balança
Lança...
Emaranha...
Cabelos soltos, fios de sonhos!

Olhos iluminados, inundados de formas.
Boca beijada pelo invisível.
Aceite a chama
O convite à dança...

A entrega à delicadeza
É o alívio de incertezas
E do que é certo também
A finitude... mãe de nossas inquietudes.

Que brilhe o Sol
Que sopre o Vento!
Vamos nos embriagar de vida
Vamos celebrar à cada novo dia.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Noturno


Que seria da noite
Sem a lascívia dos amantes,
Sem a algazarra dos bares,
Sem os gatos ouriçados,
Sem o som dos passos nas calçadas?

Um céu em breu
Manchado de vermelho
Gerando um cinza intenso
Encobrindo segredos.
Não precisamos ser mascarados....somos pardos!

Sonhos para alguns,
Despertar para outros.
A sedução da noite
É atear a imaginação ao fogo...
E queimar a realidade.

domingo, 21 de novembro de 2010

Instantes


Um instante
Um riscar o fósforo
Um piscar de olhos
A beleza do fugaz.

No agora
Entre o antes e o depois
Em um tempo desprovido
De precisão
Entre milésimos ou centésimos
De segundos...um mundo.

Nos raios de Sol que batem entre as folhas
O verde se faz dourado
Por pouco tempo
Momentos,
Intensos,
Agora já... não mais.

É no tempo fora do relógio
Em datas não marcadas
Que a vida nos surpreende.
Pequenas delicadezas diante de nós
Que apenas quando sós...sentimos.

Por apenas alguns instantes
Não raros
Mas sutis
É possível se maravilhar
Descobrindo...que sempre há muito a se descobrir.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ode à música


Queria ser a corda
A tecla, a nota
A música que outrora ouvi.

Algo que toma o ar
Entra pelos ouvidos
E atinge o coração.

O dedilhar no piano
A precisão no violino
O virtuosismo...a devoção!

Todavia, não sou essa flecha
Que acerta, arrebata... mas não mata
Sou sua dependente...entorpecida
Pois, música é vida e nos completa
Dá cor ao vento
E partitura ao amor.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Fora do tempo


Às vezes...queria ser mais imprudente
Mergulhar em uma taça de vinho
E esquecer todas as pedras do caminho.

Às vezes...queria ser mais calmaria
Sentar na beira da praia
E apenas deixar o vento e o mar....me levar!

Às vezes...queria ser mais silêncio
Parar quietinha no meu canto
E ouvir apenas meu coração falando.

Às vezes...poucas, muitas, ...incontáveis vezes
Queria apenas um afago na alma
Uma pitada de calma
Deixar as lágrimas
...e sorrir.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tango


Notas rompem o ar
Ela vai...ele vem
O começo é vertical
No desejo o drama:
Sou sua? És de ninguém!

As mãos se tocam
A dela repousa no ombro em busca de apoio
A dele na cintura em busca de novas vias
Acesso as curvas...que surgem in-fi-ni-tas

Os olhares se cruzam
As pernas se laçam
Entrelaçam... se roçam...se tocam
Desafiam... se confundem...se fundem.

No semblante dos amantes
Sofreguidão, drama,
Paixão, volúpia.
No compasso marcado
As batidas do coração.

Os lábios se encontram
Quase se tocam
Respiração ofegante
Hálito quente...impaciente!

Os dois já são um
Termina a música...
E o Tango apenas começou!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Da á-vida boca


A lógica da boca é tão primitiva,
Instintiva,
Necessária,
É no entreabrir...um desabrochar!

Um nascimento de declarações e revelações.
Nos lábios cerrados...um possível sorriso
Nos lábios mordidos...um pequeno delito
A boca entrega...mesmo quando se faz quieta!

Esquecendo qualquer regramento
Entregues apenas aos seus desejos
A boca tem fome!
Quer sorver a vida
E nos faz comida
Por puro prazer.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Refletindo


Eu sou aquela que chora
Aquela que cora
E a mesma que devora
Contradição?

Meu espelho me dá indícios
Do que possivelmente aparento
Mas mente...
Não é tão simples assim.

O que reflito não é uma totalidade
Mas parte...de partes.
Na busca por alguma resposta
Poderia dar a mais óbvia
Sou tão simples e tão complicada...sou comum!

Mas prefiro dizer que esses sempre serão
Fragmentos... pequenos momentos de mim.
A parte mais profunda ainda está escondida

O Narciso em mim também mergulhou!