segunda-feira, 29 de abril de 2013

Pequena valsa



Te convidei para dançar
Mesmo não havendo música.
Queria que escutasses
O tilintar das estrelas,
A doce sutileza,
Das notas... em meu olhar.
E assim, eu faria
Nessa simples melodia
De nós dois
Um par.


domingo, 21 de abril de 2013

Bela adormecida




Deitada em seu quarto, despertara abruptamente com uma briga entre cachorros que findará cinco minutos após ela ter acordado. O sono já não lhe fazia mais companhia, e, então sem querer levantar e sem poder dormir, ficou a fitar o teto, como se esperasse que o mesmo lhe tivesse alguma grande revelação a fazer. Ele revelará apenas algumas infiltrações e rachaduras que passavam despercebidas no dia-a-dia, mas nada além disso, nada. Passou a observar as paredes azuis, os quadros dependurados, o guarda-roupas, a penteadeira, a roupa jogada sobre a cadeira, os sapatos ao lado da cama. Aquela pequena atmosfera era tão calma quanto ela, tão simples, que parecia possível fundirem-se nos pensamentos, em pequenos atos cotidianos de cumplicidade. Os espelhos conheciam melhor do que ela o seu corpo, os traços de seu rosto, as lágrimas em que algumas vezes seus olhos se afogaram... aquele olhar e o sorriso de quando colocava um batom vermelho nos lábios sabendo que iria beijar. No entanto, o mais aterrador foi quando percebera que gostaria de partilhar seu pequeno universo, pois, sabia que ainda tinha muitos segredos a revelar, até mesmo para os seus cúmplices inanimados...outras curvas, risos, penteados, novas músicas, outros livros. E então, voltou seu olhar novamente ao teto, e deu um sorriso maroto, aquele concentrado no canto da boca, como quem diz: pode esperar! Fechou os olhos e caiu em um sono tranquilo, daqueles que só os tem quem consegue sonhar acordado.

sábado, 20 de abril de 2013

Cartografia



O lugar do triste
Deve ser pequeno.
Talvez um porto,
Uma paragem,
Nada de ancoragem,
Só uma passagem.

Chora-se um pouco,
Esbraveja-se com o mundo,
E dói...mas passa!
Chegam os novos ventos,
Novos tempos,
Outros rumos!

E a gente lembra,
Para ter a certeza
De que ao encontrar o contrário
Havemos de abrir largamente os braços,
E se entregar na impermanência
Na inconstância,
Mas na beleza
Do feliz que podemos ser...
Ousamos ficar!

Por hoje, ou amanhã,
Por dias, ou anos,
Por um minuto,ou um segundo,
“É melhor ser alegre do que triste"
A alegria é possível e existe,
Tudo é questão de sabermos...
Navegar.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Tempo



Na busca pelas palavras certas
Ou mesmo utilizando as erradas,
Tento... parar o tempo!

Como se fosse possível
Um cheiro,
Um gosto,
Um abraço,
Perpetuarem-se
E assim serem revisitados...
Novamente apreciados!

Porém, as palavras não param o tempo,
Mas o tornam memorável...
Sonoro,
Onírico,
Idílico,
Degustável aos olhos.

E o tempo e o ser
Se fundem e confundem,
E transbordam em inspiração!

E então, ainda que não possa
Parar o tempo,
É possível sempre relê-lo,
Como um velho e querido livro
Do qual a poeira
Não sai de nossas mãos!