terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sonhos de Julieta


A insanidade do amor
A busca do amor
A sede do amor

Não há muros bastante altos
Não há perigos que não possam ser enfrentados
Não há nada mais importante

Deve-se ter cuidado
Um olhar inofensivo basta
E uma pequena faísca
É suficiente para incandescer a alma
Queimar o corpo e nos tornar brasas

No hálito o sopro que nos faz divinos
Nos olhos a janela para o outro
Nas mãos o toque que nos permite ir além

O amor nos faz valentes
E o perigo tomado como iminente
É o de perder essa vivacidade
Essa necessidade de amar

E por isso que ainda existem Julietas que sonham dizer:
Toma-me e leva-me
AmOR-meu
RoMEU...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Entre os lençóis


Na noite escura
No quarto quase em breu
Tateando a cama
À procura do que era meu

Teu cheiro ainda está no travesseiro
Teu toque ainda está em meus cabelos
Teu gosto...faz salivar minha memória
E teu corpo tem o peso dos meus desejos

A luz que atravessava a fresta
Iluminava furtivamente as tuas costas
Tão largas, tão másculas
Que nelas buscava um pouso

A ausência de ti
Se faz presente...insistentemente
E esse vazio preenche meus pensamentos
E nessa noite...ainda que sozinha
Tu és minha companhia

Entre os lençóis e eu...você!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Insuficiente


Te dei um sorriso
E não iluminei tua face
Te entreguei algumas alegrias
E ainda assim...ficastes triste.

Confiei em tuas palavras
E quis te ver feliz
Desejei sinceramente que tivesses orgulho de mim
E ainda assim...não foi o suficiente

Tua eterna necessidade
Suga minhas forças
Não sei mais o que fazer
Ser quem sou não é reconfortante
Quando sei que em tuas expectativas
Não sou a medida

Não sei se me amas
Ou a quem gostarias que eu fosse
Ainda assim...te amei
Te amo
Mesmo que ainda aches pouco

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Contemplar


Memória é um exercício de reviver
Não da mesma forma
Nem do mesmo jeito
Mas revisitando uma emoção

Minha tarde de ontem
Volta para mim
Agora como celebração
De meu pequeno universo...meu coração
Éramos eu, o sol, os pássaros e o pinheiro

O sol do fim da tarde... da quase noite
Os pássaros voando baixo...regressando aos ninhos
E o pinheiro tão antigo...lembrando-me que a longevidade é grandeza.
E eu, testemunha de uma imagem que para mim fez-se em pintura.
Um quadro para recordar
Um momento para não esquecer.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pais e filha


Quando era criança
Ele parecia saber de tudo, ainda era tempo do vídeo cassete e era só o filme começar e alguns nomes aparecerem na tela e a pronuncia começava, para mim era inglês e perfeito...sem defeitos.
Quando era criança
Não sabia desenhar e então recorria a ele e em alguns instantes a cartolina virava tela.

Quando era criança
Ela escolhia minhas roupas, me vestia de rosa e prendia meus cabelos, me levava para escola.
Quando era criança
O zelo era tanto, que ela achava demais estudar, pensava que eu sempre sabia...e que mesmo que não soubesse aprenderia, por isso podia faltar quando chovia.

Quando era criança
Me ensinaram a andar, amar, brincar...falar, tantas coisas, tantos momentos.
Com eles aprendi (ainda aprendo)
Dias hoje tão distantes
E tão especiais.

Não sou mais criança
Meus dois apoios agora também se apóiam em mim
Às vezes nem acredito que sai de dentro daquela pequena
Que o mesmo homem que hoje dorme durante os filmes me levava a locadora para escolher o que veríamos.
Sinto-me pequena diante da generosidade de quem me deu a vida e ao mesmo tempo tão feliz porque são eles com todos os seus defeitos e qualidades, aqueles a quem chamo de pai e de mãe.

Não sou mais criança
Não sou tão criança
Talvez...
Sempre vou precisar de vocês!